quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Se...

Se és capaz de manter a tua calma quando todo mundo em redor já a perdeu e te culpa, de crer em ti quando estão todos duvidando e para estes, no entanto, achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares, ou, enganado, não mentir ao mentiroso, ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares, e não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar sem que a isso só te atires; de sonhar sem fazer dos sonhos teus senhores; Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas em armadilhas as verdades que disseste, e as coisas por que deste a vida estraçalhadas, e refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada tudo quanto ganhaste em toda a tua vida, e perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, resignado, tornar ao ponto de partida; de forçar coração, nervos, músculos, tudo a dar seja o que for que neles ainda existe, e a persistir assim quando, exausto, contudo resta a vontade em ti, que ainda ordena: persiste!
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes; e, entre reis, não perder a naturalidade, e de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
Se a todos podes ser de alguma utilidade; e
Se és capaz de dar, segundo por segundo, ao minuto fatal todo valor e brilho: tua é a Terra com tudo o que existe no mundo, e o que ainda é muito mais:
Tu és um homem, meu filho!
( Rudyard Kliping)

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