Cuida deste dia!
Ele é a vida, a própria essência da vida.
Em seu breve curso
Estão todas as verdades e realidades da tua existência:
A bênção do crescimento... A glória da ação... O esplendor da realização.
Pois o dia de ontem não é senão um sonho.
E o amanhã somente uma visão.
Mas o dia de hoje bem vivido, transforma os dias de ontem num sonho de ventura;
E os dias de amanhã numa visão da esperança.
Cuida bem, pois, do dia de hoje!
Eis a saudação da alvorada.
* * *
O poema do indiano Kalidasa nos fala da importância do hoje, do agora.
Sábios e mais sábios proclamaram os mesmos dizeres.
O maior de todos eles foi muito claro ao enunciar: Não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados. Basta ao dia de hoje o seu próprio mal.
Notemos que Jesus não aconselha que não pensemos no amanhã, nem planejemos os tempos vindouros – de forma alguma.
Muitos homens têm rejeitado tais palavras, dizendo: Mas eu preciso pensar no dia de amanhã! Preciso fazer um seguro para proteger minha família. Preciso reservar algum dinheiro para a velhice!
Está certo! Naturalmente que precisa, porém faz-se necessário diferenciar pensar de inquietar-se.
A palavra chave aí é inquietação, que sempre indica insegurança, temor, incerteza – todos sentimentos que fazem mal ao Espírito, quando cultivados por muito tempo.
É dessa inquietação que nasce a tão comentada ansiedade – transtorno mental que tem trazido tantos prejuízos ao ser humano nos tempos atuais.
Em outra feita, quando o Mestre Nazareno propõe um modelo de oração, de atitude mental do homem com seu Criador, Ele recita:
O pão nosso de cada dia, nos daí hoje.
Percebamos que a prece pede somente pelo pão de hoje. Não se queixa do pão amanhecido que comemos ontem, e também não diz: garanti, por favor, o alimento para a próxima estação.
Não se entenda tal proposta como imediatismo. É apenas a cultura de se estar presente no dia de hoje, com todas nossas forças, com toda nossa vontade.
Muitos de nós ainda estamos incompletos ou ausentes no dia de hoje.
Parte de nós está no lamento do ontem, outra parte na expectativa de um amanhã possível.
Parte vive num passado que era muito melhor do que hoje; parte vive na simples espera, cômoda, de um futuro melhor.
Parte vive de lembranças traumáticas, tristes, outra parte vive no temor do que o futuro nos reserva.
Indagaríamos então: Que sobra de nós para o presente? Que energia, que foco, que vida?
Muitos vivemos fora do próprio tempo presente, pouco lá atrás, pouco acolá...
Assim, recordemos da saudação à alvorada:
Mas o dia de hoje bem vivido, transforma os dias de ontem num sonho de ventura;
E os dias de amanhã numa visão da esperança.
Cuida bem, pois, do dia de hoje!
Eis a saudação da alvorada!